É preciso mais do que empreender, é preciso planejar e gerir. Ter recursos financeiros para iniciar é fundamental, na verdade é primordial. Sem recursos não se constrói nada neste mundo capitalista. No entanto, de que adianta os recursos se não souber empregá-los de maneira adequada. Ao iniciar um negócio é preciso estruturá-lo fisicamente e também contar com o capital de giro mensurado pelo ciclo financeiro. Como mensurar esta necessidade? O planejamento estratégico é de suma importância. Muitos empreendedores não planejam de forma estratégica apenas acreditam na sua ideia, buscam recursos para viabilizá-la sem contar com a consultoria profissional. É um grande erro! Conhecer do ramo de negócio e do produto é de suma importância, porém estudar o mercado, o público alvo, a concorrência, apostar no capital humano, é sem sombra de dúvidas a grande sacada para iniciar a atividade com boa perspectiva de sustentabilidade.

A estratégia é um conjunto integrado e coordenado de compromissos e ações definidos para explorar competências essenciais e obter vantagem competitiva. A globalização que é um fenômeno permanente e contínuo impacta cada vez a competitividade. É prudente entender que a globalização dissipa do mercado, de maneira impiedosa. Pequenas e médias empresas que operacionalizam de maneira amadora, desconsiderando técnicas administrativas e contábeis, descartando as evoluções tecnológicas, bem como as posições do mercado em que atua estão fragilizadas quanto à sustentabilidade.

No viés da Gestão do Negócio, administrar infere o entendimento do procedimento contínuo, intrínseco à sustentabilidade. A Gestão financeira é o pilar da sustentabilidade, pois cuidando das finanças, controlando, destinando e originando os recursos de maneira adequada, será mais fácil alcançar os objetivos. A frágil estrutura das pequenas e médias empresas suprime de grande parte delas, profissionais capacitados para o gerenciamento financeiro. Muitas das pequenas e médias empresas sequer contam com colaboradores que façam uso diário de relatórios de caixa e bancários, quem dirá de relatórios gerenciais formatados por indicadores que retratam a mutação financeira da empresa, periodicamente. A falta de gerenciamento financeiro contribuirá relevantemente para perdas de caixa. O não entendimento do ciclo financeiro em detrimento ao clico operacional poderá ocasionar o comprometimento do capital de giro da empresa e consequentemente reduzir seu fluxo de atividades ou até ocasionar sua paralização total.

O comportamento organizacional é de suma importância no processo sustentável das empresas, uma vez que as atitudes ditarão o envolvimento da empresa no mercado onde atua. Grande parte das pequenas e médias empresas tem como relevante fragilidade a ausência de regras, de gestão humana, de gestão de tarefas e de planejamento. A cultura organizacional está presente de maneira evasiva, sem critérios e objetivos definidos. Por estas faltas, as pequenas e medias empresas apresentam fragilidades e ficam vulneráveis ao acirramento da concorrência global e até das conjunturas econômicas locais. Raramente se expandem para outros mercados regionais, se limitam aos mercados locais e ficam distante do crescimento sustentável.

As empresas são formadas por burocratizações, por processos que necessitam de controles e acompanhamentos rotineiros acerca de suas movimentações econômico-financeiras. O mal que assola as pequenas e médias empresas está na cultura dos empreendedores que erradicam do negócio, a estrutura administrativa. Grande parte dos empreendedores iniciam suas empresas com pouquíssimo capital e nenhum planejamento. A estrutura administrativa fica em segundo plano. Natural que ao iniciar o negócio com poucos recursos financeiros o empreendedor realize sozinho várias atribuições, operacionais e administrativas. O simples fato de pagar contas e verificar o saldo bancário, já demonstra a necessidade de uma organização administrativa. Ao passo que a empresa vai se alavancando, torna-se imprescindível a estruturação organizacional administrativa para que as movimentações econômico-financeiras sejam escrituradas, controladas e efetivamente conhecidas.

Percebe-se nas pequenas e médias empresas uma grande preocupação com a área operacional, aquela que gera os recursos financeiros e que promove o ciclo de vida do negócio. Esta preocupação é natural, pois o empreendedor quando iniciou o negócio focou seus objetivos no produto e/ou serviço que se propôs a inserir no mercado. A ânsia por vender, por colocar seu negócio em condições de realização o leva para o foco na produtividade operacional. Entretanto, muitas das vezes o empreendedor se esquece de voltar seus olhos para os números, os quais tiveram origem no operacional, mas que precisam ser entendidos com minucia. As empresas, sejam de qualquer porte, precisam formar seu organograma de maneira a atender suas necessidades. Cada empresa tem necessidades distintas para buscar seus objetivos. Por menor que seja, precisam controlar seus Ativos (bens e direitos) e seus passivos (obrigações) para que o resultado da equação Ativo – Passivo possibilite resultados positivos, ou seja, lucratividade. É comum nas pequenas e médias empresas a terceirização de parte de suas rotinas administrativas, sobretudo contábil. Entretanto, não acompanham, ficam distantes dos números escriturados e por consequência ficam desinformados quanto à mutação patrimonial. Os números levantados pela contabilidade, os quais representam toda a movimentação financeira e econômica, permitem o levantamento de várias análises por meio de indicadores capazes de demonstrar o ciclo financeiro da empresa em detrimento ao ciclo operacional. Tais indicadores são capazes de orientar o empresário sobre quais rumos seguir, onde e como destinar e aplicar recursos, sejam de capital próprio ou de terceiros.

Vários fatores podem causar a insolvência do negócio, mas uma empresa melhor estruturada com viés da gestão embutido nos seus processos terá maior imunidade aos riscos externos. É lucido considerar que o resultado do negócio, seja ele positivo ou negativo, está com relevância sob a responsabilidade do empreendedor, em face de suas decisões, do seu comportamento, de sua gestão.